Cerca de 20% dos adultos possui Dispepsia Funcional. A maior parte das pessoas com queixas do estômago, não têm nenhuma alteração endoscópica que justifique as suas queixas, o que sugere a possibilidade de possuírem Dispepsia Funcional.
Ela é uma dor e/ou desconforto persistente, localizada na parte superior do abdômen, sem relação com os exercícios físicos, com duração mínima de quatro semanas e com sintomas ocorrendo em pelo menos 25% desse tempo.
A causa (ou causas) da Dispepsia Funcional é desconhecida, mas sabe-se que é freqüente a partir dos 20 anos de idade, sobretudo no sexo feminino. É uma doença crônica, recorrente. As queixas dispépticas podem ser contínuas, mas geralmente são intermitentes e aparecem exclusivamente durante o dia. Durante a noite raramente incomodam. Existe uma crença arraigada de que há uma relação direta entre fatores psicosociais e a dispepsia funcional, mas não existem estudos que o confirmem.
O que é?
Gastrite é a inflamação da camada mais interna do estômago, a mucosa. Pode estar localizada em alguma região do estômago, ou estar atingindo toda a extensão deste órgão. A gastrite é dividida em aguda ou crônica. A aguda é autolimitada, ou seja, a inflamação desaparecerá em um curto tempo. Em contrapartida, a gastrite crônica persiste por longos períodos de tempo.
Causas:
A gastrite é causada por substâncias que irritam a mucosa do estômago e através de infecções (vírus e bactérias), que levam ao processo inflamatório.
Algumas substâncias como os medicamentos antiinflamatórios, o álcool, o cigarro, café, os doces em excesso e os alimentos condimentados estão relacionados ao surgimento da gastrite. Algumas infecções virais também são causadoras de gastrite, principalmente na forma aguda. Os hábitos alimentares também têm papel relevante no surgimento da gastrite, como o jejum prolongado durante o dia, e o excesso na ingestão de gorduras e frituras.
Estas substâncias levariam a um defeito na barreira de proteção que protege a mucosa do estômago em relação ao ácido gástrico utilizado na digestão dos alimentos. Sendo assim, o ácido produzido no próprio estômago agiria como irritante da mucosa, causando o processo inflamatório.
As gastrites crônicas, por sua vez, estão relacionadas à infecção pela bactéria Helicobacter pylori. Esta bactéria vive muito bem em lugares com muito ácido, como o interior do estômago, e tem como característica destruir a barreira de proteção da mucosa contra o ácido. A infecção por esta bactéria é mais comum em lugares com condição sócio-econômica mais precária, e a transmissão se dá por via oral-fecal. A infecção prolongada pelo Helicobacter pylori pode levar ao desenvolvimento de gastrite atrófica, atrofia do estômago, e até mesmo câncer de estômago. Desta forma, pacientes com dores de estômago crônicas devem procurar um médico especialista para o diagnóstico e tratamento da infecção por esta bactéria.
Sintomas
Os sintomas mais comuns da gastrite são dor de estômago caracterizada por queimação, sensação de “empachamento” após as refeições, distensão do abdome na região do estômago, má-digestão, náuseas e vômitos, eructações (arrotos) freqüentes, soluços e azia.
Nos casos mais graves, pode haver sangramento do estômago devido ao processo inflamatório, e então a gastrite é denominada de gastrite hemorrágica. Nestes casos, o paciente apresentará vômitos com sangue e evacuação de fezes muito escurecidas e com odor fétido (chamadas de melena) devido a presença do sangue.
O exame físico de pacientes com gastrite apresenta pouca alteração, como desconforto discreto à palpação do estômago. Nos casos com gastrite hemorrágica, o paciente apresentará sintomas relacionados ao sangramento, como a queda da pressão arterial, palidez da pele, sudorese e aumento da freqüência cardíaca.
Diagnóstico
O diagnóstico da gastrite é realizado através da Endoscopia Digestiva Alta. Este exame permite a visualização de toda a mucosa do estômago, tornando o diagnóstico da gastrite muito evidente. Através da endoscopia digestiva também é possível a realização de biópsias, que permitem o diagnóstico histológico (microscópico) da gastrite, assim como a pesquisa da bactéria Helicobacter pylori. Deve-se chamar a atenção para os pacientes com mais de 55 anos e naqueles com sinais de alarme como sangramento, anemia, perda de peso não intencional, vômito persistente, história familiar prévia de câncer gastrointestinal. Estes pacientes devem realizar a endoscopia digestiva em caráter de urgência, para a exclusão de gastrite hemorrágica, úlceras e câncer de estômago.
O diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori também pode ser realizado através de testes respiratórios e exames de sangue.
Tratamento
O tratamento inicial da gastrite está relacionado aos hábitos alimentares. Os pacientes devem evitar alimentos muito condimentados, frituras e gorduras, doces e chocolates, café, refrigerantes, balas, chicletes e álcool. Também deve ser realizada dieta regrada com horários definidos. Os pacientes com gastrite devem realizar dietas fracionadas, ou seja, alimentar-se várias vezes ao dia, mas com quantidades menores de alimentos. Desta forma, os alimentos reagiriam com o ácido gástrico durante grande parte do dia, e este último não causaria a inflamação da mucosa.
Em relação ao tratamento medicamentoso, este é feito com remédios que diminuam a acidez do estômago, permitindo assim, que a mucosa cicatrize, e cessando a queixa de queimação. Além disso, em alguns pacientes, está indicada a utilização de medicamentos pró-cinéticos, ou seja, que promovam o esvaziamento mais rápido do estômago. Estes medicamentos diminuem a distensão do abdome e a sensação de empachamento.
Nos pacientes portadores de infecção por Helicobacter pylori, o tratamento consiste no uso de medicações que diminuam a acidez no estômago, tornando o ambiente menos favorável à bactéria, além do uso de antibióticos específicos
O que é a vesícula biliar e o que ela faz?
A vesícula é uma pequena saculação ( como uma bexiga murcha) que se encontra junto ao fígado e sua função é armazenar bile, um líquido amarelo esverdeado espesso produzido pelo fígado . Após se alimentar , a vesícula se espreme liberando bile em grande quantidade no intestino para entrar em contato com o alimento e continuar o processo de digestão iniciado pelo estômago. A função básica da bile é digerir as gorduras.
Como são formadas as pedras?
A bile é composta por três substâncias: o colesterol, os sais biliares e lecitina. Juntos em quantidades proporcionais mantêm a bile em estado líquido . Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso pelo fígado por alguma razão , há precipitação desta substância formando pequenos grânulos. Estes grânulos são o início das pedras.
As pedras são sempre iguais?
Não, há diferentes tipos e tamanhos de pedras. Depende de qual substância a pedra é formada e há quanto tempo ela está em formação. Portanto, poderemos ter muitas ou apenas uma pedra.
Cerca de 90% das pedras são formadas de colesterol. O restante é composto de sais biliares (bilirrubina). A razão da formação das pedras ainda não é bem conhecida .
Quem tem risco de ter pedras?
Mulheres entre 20 e 60 anos têm 3 x mais chance de ter cálculos do que a população masculina. Mulheres que tiveram múltiplas gestações .
O risco aumenta com a idade e a obesidade.
Quais são os sintomas associados a colelitíase ?
Dor abdominal intensa , geralmente tipo cólica, que pode se localizar no no lado direito do abdomen abaixo da costela, boca do estômago, ou ainda nas costas. Pode se localizar em todos os lugares descritos ao mesmo tempo ou separadamente.
Existem complicações?
Sim. Dentre as principais complicações estão:
A cólica biliar que ocorre quando uma das pedras fica presa na saída da vesícula impedindo o fluxo de bile, levando a uma distensão importante da vesícula. Há então um esforço da mesma para expelir a pedra. O resultado é uma dor tipo cólica.
Se a pedra permanece na saída vesícula por um período prologado ocorre uma segunda complicação chamada colecistite aguda. É uma inflamação aguda da vesícula biliar com dor intensa, constante geralmente acompanhada de febre.
A coledocolitíase é o resultado da migração de uma pedra de dentro da vesícula biliar para o canal da bile. Nestes casos o paciente fica ictérico ( pele e olhos ficam amarelados como na hepatite) pois a bile fica impedida de chegar ao intestino , acumulando-se no fígado e sangue.
A colangite e a pancreatite são as complicações mais graves secundárias à migração das pedras para o canal da bile.
Como se faz o diagnóstico de colelitíase ?
Atualmente o exame mais preciso para o diagnóstico de pedras na vesícula é a ultrassonografia (ecografia) . Exames radiológicos podem ser realizados. Algumas vezes o paciente descobre que tem pedras na vesícula durante a investigação de outra patologia . No caso da suspeita de que alguma pedra migrou para o canal da bile, esta pode ser diagnosticada e retirada no pré-operatório através de um exame endoscópico conhecido como colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e papilotomia endoscópica respectivamente.
Como é tratada a colelitíase?
Pacientes com diagnóstico de pedras na vesícula sem nunca terem apresentados sintomas devem conversar com o seu médico a respeito da indicação de cirurgia. Habitualmente não há indicação cirúrgica nestes casos. Existem dois métodos cirúrgicos para remover a vesícula biliar e as pedras. É necessária a remoção da vesícula pois esta se torna fonte de formação de mais pedras.
Colecistectomia convencional , ou aberta. Neste caso a cirurgia é realizada com uma incisão (corte) que pode variar de tamanho conforme o paciente. Desde 12-15 cm até 30 cm (valores aproximados). O paciente permanece internado em média 3 dias e necessita de um tempo de recuperação para voltar a plena atividade física em 30 dias.
Colecistectomia videolaparoscópica
Atualmente existem dois métodos não cirúrgicos de eliminar as pedras da vesícula:
Dissolução oral através de medicações. O uso de medicações para eliminar as pedras é reservado para casos muito especiais em que o paciente não possa ser submetido a cirurgia. O índice de sucesso varia de 40-80% e o tratamento dura de 6 a 12 meses , com altos índices de recorrência.
Destruição dos cálculos através da Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque, que consiste na destruição das pedras com ondas sonoras de alta freqüência que direcionadas às pedras leva a quebra das mesmas em fragmentos menores. O índice de complicações utilizando este método é muito grande e a maioria dos serviços que possui o aparelho de litotripsia abandonou o método.
A retocolite ulcerativa é uma doença idiopática caracterizada por episódios recorrentes de inflamação que acomete predominantemente a camada mucosa do cólon. A doença sempre afeta o reto e também variáveis porções proximais do cólon, em geral de forma contínua, ou seja, sem áreas de mucosa normais entre as porções afetadas.
Dessa maneira, os pacientes podem ser classificados como tendo a doença limitada ao reto (proctite), proctossigmoidite (quando afeta até a porção média do sigmóide), com envolvimento do cólon descendente até o reto (colite esquerda) e envolvimento de porções proximais à flexura esplênica (pancolite).
Muitos pacientes permanecem em remissão por longos períodos, mas a probabilidade de ausência de recidiva por 2 anos é de apenas 20%. As recidivas geralmente ocorrem na mesma região do cólon das outras agudizações.
A doença pode iniciar em qualquer idade, sendo homens e mulheres igualmente afetados. O pico de incidência parece ocorrer dos 20 aos 40 anos e muitos estudos mostram um segundo pico de incidência nos idosos.
As manifestações clínicas mais comuns são diarréia, sangramento retal, eliminação de muco nas fezes e dor abdominal. Deve-se sempre excluir causas infecciosas. O diagnóstico é estabelecido pela avaliação da história clínica, exame das fezes, exame endoscópico e achados histopatológicos. Como o tratamento é realizado de acordo com a extensão da doença, a retossigmoidoscopia flexível é útil para definir as porções acometidas, devendo ser realizada de preferência sem preparo do intestino e evitando-se a insuflação excessiva de ar se inflamação acentuada estiver presente. A colonoscopia não é normalmente necessária na fase aguda e deve ser evitada, se possível, pois pode desencadear um quadro de megacólon tóxico.
O tratamento das agudizações leves a moderadas é feito basicamente com aminossalicilatos, orais e tópicos, e com corticóides. A sulfasalazina mostrou-se eficaz no tratamento da retocolite ulcerativa leve a moderada em ensaio clínico randomizado da década de 604. Metanálises dos ensaios clínicos que usaram mesalazina na retocolite ulcerativa ativa mostraram igual eficácia da sulfasalazina e da mesalazina e superioridade em relação ao placebo. A terapia tópica, com supositórios de mesalazina na proctite e enema de mesalazina para a proctossigmoidite, foi reavaliada em duas metanálises que mostraram que a terapia tópica é superior à oral na doença distal. Enemas de corticóide também são superiores ao placebo na doença leve a moderada, embora sejam menos eficazes que a terapia tópica com mesalazina. Os pacientes refratários aos aminossalicilatos ou aqueles com doença moderada podem alternativamente usar prednisona na dose de 40 mg/dia, por via oral. Sugere-se o tratamento empírico de estrongilóides antes do início do tratamento com prednisona. Os pacientes que não respondem completamente ou que não conseguem reduzir a dose da prednisona sem recorrência podem beneficiar-se do uso de azatioprina.
Pacientes com doença ativa grave ou refratários à terapia oral devem ser tratados em ambiente hospitalar por equipe clínico-cirúrgica treinada e devem utilizar corticóide intravenoso. Os que tiverem piora e não melhorarem em poucos dias devem ser considerados para colectomia de urgência ou uso de ciclosporina intravenosa em centro com experiência no seu emprego.
Pacientes com um episódio único de proctite não necessitam de terapia de manutenção. Nos demais casos, após a melhora da fase aguda, deve ser iniciada a terapia para prevenção de recorrências. Em metanálise dos ensaios clínicos que utilizaram mesalazina para manutenção da remissão em retocolite ulcerativa, concluiu-se que a mesalazina por via oral é superior ao placebo, mas inferior à sulfasalazina por via oral. Os pacientes com proctite ou proctossigmoidite podem alternativamente ser mantidos em remissão com supositórios de mesalazina.
A doença de Crohn é uma doença crônica, de carater inflamatória. Os dois principais locais de acometimento da doença de Crohn são o íleo (que corresponde à última porção do intestino fino), e no cólon (intestino grosso). A condição começa como um pequeno, microscópico ninho de inflamação no revestimento intestinal que persiste e pode progredir para uma úlcera e a parede do intestino tornar-se espessa. Eventualmente, o intestino pode tornar-se estreitado ou obstruído e a cirurgia pode ser necessária.
SINTOMAS
Os sintomas dependem do local do trato digestivo onde a doença aparece. Quando o íleo é envolvido, a dor mais freqüente é na parte inferior direita do abdômen. Algumas vezes, simula uma apendicite aguda. Quando o cólon é o local, diarréia (algumas vezes com sangue), pode ocorrer, com febre e perda de peso. A doença de Crohn pode afetar a área anal, formando uma complicação chamada fístula. Quando a doença está em atividade, indisposição e letargia aparecem. Em crianças e adolescentes há dificuldade de ganho ou manutenção de peso.
DIAGNÓSTICO
Não há qualquer exame diagnóstico conclusivo para doença de Crohn. A queixa do paciente e o exame do médico sempre ajudam. Certos tipos de exame de sangue e fezes são úteis para se chegar ao diagnóstico. Os raios-X do intestino delgado e cólon usualmente são solicitados. A colonoscopia (endoscopia do intestino) é freqüentemente a melhor maneira de diagnosticar o problema, quando a doença está no cólon.
COMPORTAMENTO DA DOENÇA E COMPLICAÇÕES
A desordem geralmente permanece silenciosa e facilmente controlada por longos períodos. Na maioria das pessoas com a doença continuam com o propósito de conseguir seus objetivos na vida, na escola, no casamento, na família e no trabalho com poucas limitações ou inconveniências. Alguns problemas, fora do intestino podem ocorrer. Artrites, olhos e problemas na pele (em raras circunstâncias), doença crônica no fígado. Como citado anteriormente, a doença pode ocorrer na região anal. Estas são a fissura (freqüentemente dolorosa) e a fístula. Quando a inflamação persiste no íleo ou cólon, um estreitamento e uma obstrução parcial pode ocorrer. Nesta situação, a cirurgia é requerida para tratar deste problema. Quando a doença de Crohn está presente por muitos anos há um aumento do risco de câncer.
TRATAMENTO
O tratamento da doença pode ser com medicamentos ou cirúrgico. É particularmente importante manter-se saudável através de uma nutrição balanceada e exercícios adequados. Os seguintes medicamentos são utilizados:
A - Corticóide: é uma droga poderosa que proporciona um efeito eficaz. Inicialmente, é utilizada uma dosagem alta para controlar a doença quando os sintomas são severos. Após o controle dos sintomas, a droga é gradativamente diminuída e há manutenção com baixa dosagem. Há possibilidade de parar totalmente a utilização da droga. Este medicamento é administrado por comprimidos ou enema. O nome genérico é predinisona.
B - Drogas antiinflamatórias: Sulfasalazina (azulfidine) pertence ao grupo 5 - aminosalicilados. Estas drogas são úteis quando a pessoa está sem sintomas, uma vez que mantém a doença sob controle. Eles são mais eficazes quando a doença está presente no cólon. São disponíveis em preparações orais e enema.
C - Supressores do sistema imunológico: Estas medicações suprime o sistema imunológico, que parece ser um fator agravante, importante para a doença. O nome dos dois medicamentos mais usado são azatioprina e 6mp. Estas drogas são utilizadas por longo tempo. Há outras drogas mais potentes que podem ser usadas em casos mais difíceis.
D - Antibióticos: desde que há freqüentemente infecção bacteriana associada, os antibióticos são freqüentemente usados para o tratamento deste problema. Dois medicamentos são comumente utilizados: ciprofloxacina e metronidazol.
DIETA E EMOÇÕES
Não há alimentos conhecidos que agridem o intestino. Entretanto, durante a fase aguda da doença muita fibra, leite e derivados podem aumentar a diarréia e a cólica. O paciente é aconselhado a comer uma dieta balanceada com adequada proteína e caloria. O seu médico pode lhe recomendar suplementos multivitamínicos e ferro. Stress, ansiedade e emoções extremas pode agravar os sintomas mas não causar ou piorar a doença.
CIRURGIA
A cirurgia é comumente necessária durante o curso da doença de Crohn. Pode envolver a remoção de uma porção do intestino, ou simples drenagem de um abscesso ou fístula. O princípio que guia o tratamento é para realizar o mínimo possível de cirurgia. A cirurgia não cura a doença de Crohn.
RESUMO
Muitas pessoas com doença de Crohn vivem com poucas restrições. Embora não é conhecida a causa da desordem, pode ser controlada com tratamentos atuais. Em exceções o curso da doença pode ser mais difícil e complicado, necessitando de vários exames e múltiplas terapias. A cirurgia algumas vezes é necessária. Em todos os casos o acompanhamento médico é essencial para tratar a doença e prevenir as complicações que podem aparecer.
Em alguns pacientes com hipertensão porta, o aumento anormal da pressão na veia porta e em suas tributárias é causada por cirrose hepática, uma doença caracterizada por destruição progressiva das células do parênquima hepático e substituição delas por tecido fibroso.
A hipertensão porta e as doenças que a causam são condições graves, mas os sintomas são condições porto-sistêmicos, que fornecem vias alternativas para o fluxo sangüíneo. Como não há válvulas funcionalmente competentes no sistema venoso porta, o aumento da pressão porta reflete-se em todo o sistema. O sangue tende a ser desviado para o sistema venoso sistêmico nas regiões onde ocorrem anastomoses porto-sistêmicos. As veias, que nessas áreas tendem a tornar-se dilatadas e tortuosas, são denominadas veias varicosas. Quando estas veias estão localizadas na região esôfago-gástrica, estas são chamadas de varizes de esôfago. Conseqüentemente, as varizes ocorrem na metade distal do esôfago, mas, em casos de hipertensão portal grave, podem estender-se ao esôfago proximal. Pode haver varizes associadas na cárdia e no fundo do estômago.
Como comentado anteriormente, as varizes de esôfago estão muito relacionadas com os episódios súbitos de hemorragia digestiva alta. A endoscopia digestiva alta, como exame complementar, é a principal forma de diagnóstico, devido a vários aspectos característicos de visualização direta desta patologia. Antes do advento da endoscopia digestiva alta, o exame mais utilizado para diagnóstico era o esôfagograma com bário, porém a diferenciação entre as varizes esofágicas e pregas esofagianas ficava dificultada pela semelhança de apresentação no exame. Além do diagnóstico preciso, a endoscopia digestiva alta, ainda pode prever diretamente o risco de sangramento, importante chave na correta conduta da abordagem das varizes esofagianas, já que quando as varizes de esôfago sangram há um risco substancialmente grande de o paciente evoluir para o óbito (30-40%), e ainda de voltar a apresentar novo episódio de sangramento nos 2 anos seguintes ao primeiro episódio (75%).
Divertículo é uma cavidade em forma de dedo ou bolsa que se forma na parede dum órgão oco. Os divertículos podem existir no cólon, no esófago, no duodeno e, mais raramente, no intestino delgado e no estômago.
Cerca de 50% da população europeia com mais de 50 anos tem divertículos do cólon. É um situação que geralmente não dá origem a sintomas e por isso se prefere a denominação diverticulose em vez de doença diverticular para retirar a esta entidade a noção de doença.
Porque aparecem os divertículos?
A razão porque são frequentes os divertículos do cólon, sobretudo na região sigmóide do cólon, depois dos 50 anos de idade, nas pessoas dos países industrializados, não está esclarecida mas, tem-se atribuído o aparecimento dos divertículos aos hábitos alimentares onde a fibra é escassa. Os alimentos mais refinados, sem verduras, sem farelo, que as populações dos países ricos foram introduzindo nos seus hábitos alimentares são muito provavelmente a causa principal do aparecimento dos divertículos. Na Ásia e na África, onde a população faz uma alimentação rica em fibra os divertículos são raros. Pensa-se que o aumento de pressão no cólon, necessária para fazer a propulsão de um volume de fezes, mais pequeno, leva à formação dos divertículos.
Quais os sintomas da diverticulose?
Muitas vezes é assintomática ou então é acompanhada de prisão de ventre e dor abdominal. Os divertículos são uma possível causa de perda de sangue. Se os divertículos se inflamam dão origem a uma diverticulite causam além de dor intensa e diarreia, perda de sangue pelo ânus e febre. A perfuração dum divertículo com formação dum abcesso ou originando uma peritonite, são complicações, pouco frequentes, mas possíveis da doença diverticular. A obstrução do intestino como consequência duma doença diverticular é uma complicação rara mas possível.
Como se diagnostica?
O Clister opaco foi durante décadas o meio de diagnóstico da diverticulose e ainda hoje se utiliza mas, a pouco e pouco vai sendo substituído pela Colonoscopia. A tomografia axial computorizada - TAC - pode ser útil no estudo das complicações da doença diverticular.
Tratamento:
Se não houver sintomas o médico limita-se a recomendar uma dieta rica em fibra e sossega o doente sobre a benignidade da situação. As complicações não são frequentes e o prognóstico é bom. Se há obstipação e dor além da dieta rica em fibra o médico recomenda um laxantes de volume.
Nas crises de diverticulite o médico receita antibióticos.
A cirurgia de urgência é necessária nos casos de perfuração ou hemorragia grave. Se repetidas crise de diverticulite causarem uma obstrução do intestino pode haver necessidade de o cirurgião fazer uma colectomia para retirar a zona obstruída.
Hemorróida é uma estrutura anatômica normal do conjunto dos plexos venosos anorretais, que são responsáveis por proteger o canal anal, ajudar a manter a continência fecal e realizar drenagem venosa da região. Chamamos de doença hemorroidária a dilatação dessas veias, acompanhadas ou não de inflamação, hemorragia ou trombose das mesmas.
Estima-se que a incidência da doença hemorroidária na população geral seja inferior a 5%. A principal queixa relacionada à doença hemorroidária é a presença ocasional, ao redor das fezes, de sangue "vivo". A presença de dor na evacuação é mais característica de fissura ou abscesso, mas também pode ocorrer na doença hemorroidária se houver inflamação ou trombose venosa.
As hemorróidas são classificadas de duas formas: quanto à sua localização (interna ou externa) e quanto ao seu grau (1º, 2º, 3º e 4º graus) no caso das internas. O exame proctológico consiste de três passos: inspeção, toque retal e anuscopia. A inspeção anal é a observação externa do ânus, e esta permite a visualização das hemorróidas externas, assim como das hemorróidas internas prolapsadas. O toque retal tem como objetivo a avaliação da musculatura do ânus, denominada esfíncter anal, além da avaliação de lesões do canal anal. A anuscopia é um exame importante em que se introduz um aparelho (anuscópio) no ânus para a observação interna do canal anal, e é realizado em poucos segundos e sem dor quando por médico habilitado.
A colonoscopia (endoscopia do intestino grosso) nem sempre é indicada para a avaliação da doença hemorroidária. No entanto, em pacientes com mais de 50 anos e/ou queixa de sangramento anal, principalmente em famílias com história de câncer de intestino grosso, a colonoscopia deve ser realizada, independente do diagnóstico de hemorróida. A presença de hemorróida não exclui a possibilidade de câncer de intestino, e é por isso que todas as pessoas com sangramento anal devem procurar um médico, já que este é o profissional capaz de oferecer o diagnóstico e tratamento adequados.